Dançar é uma paixão, mas para manter acesso o fogo desta paixão e preciso trabalho ardo, dedicação, disciplina, respeito e muito amor por cada passo que damos...

*Por: Mary... Mariana de Oliveira...

Divulgando todas as artes através da arte de dançar....


domingo, 15 de maio de 2011

Aprender a dançar pelo youtube?








Lu na primeira aula basica de tango... caminhada.. la baldosa.. oito a frente e oito cortado...





Só pode ser piada YouTube e DVDs são apenas fragmentos auxiliares na complexidade que é aprender a dançar, caso se queira fazer isso com a melhor qualidade. Supor que é possível aprender a dançar pelo YouTube é um delírio. Se para amadores essa idéia é inconcebível, no caso de profissionais supera o absurdo.
Vem crescendo de forma assustadora o número de pessoas que acreditam ser possível aprender, ou evoluir na dança simplesmente através do YouTube e similares do mundo virtual. Há poucos dias conversei sobre essa deformação com Ricardo Garcia, do Conexión Caribe e organizador, com Douglas Mohmari, do Congresso Mundial de Salsa do Brasil, que tem como principal produto o Salsa Open, campeonato mundial atrelado ao mega evento de Porto Rico. Ricardo Garcia fez comentários oportunos, confirmando informações que eu já vinha colhendo por outras fontes. Soube, por exemplo, de um professor de tango que afirmou ser dispensável ir a Buenos Aires para aprender. "Está tudo lá no YouTube", teria dito o moço, revelando sua completa limitação mental. Que combina, não por acaso, com sua forma de dançar.
Podem me chamar de radical, isso não me fará a menor diferença, mas um professor de tango que jamais tenha pisado em Buenos Aires está na profissão errada e não pode almejar credibilidade. Porque Buenos Aires, como se fosse um grande campus da universidade do tango, é parte do aprendizado e da evolução de todos os dançarinos, novos e veteranos, aprendizes e estrelas consagradas. E não fica do outro lado do Atlântico, nem no Hemisfério Norte, bastam duas horas de vôo, fácil de pagar, e tem acesso também rodoviário. Antes de se assumir como professor, ou professora, a pessoa teria que ter cumprido esse ritual obrigatório, bebendo na fonte das melhores referências portenhas.
Sem esses parâmetros o que se terá é o professor meia boca, mero repetidor de passos velhos e manjados, carente de profundidade técnica e conceitual. Logo, formador de dançarinos também medíocres e precários, que sequer sabem o que significa respeitar e manter a ronda do baile. E não se trata de ir lá simplesmente para se encantar e sim para formar conteúdo cultural e desenvolver senso crítico, de preferência severo.
Mais: se tomado de pudor, sentir vergonha de se declarar professor, parabéns, terá dado o primeiro passo na busca da maturidade e do verdadeiro respeito ao aluno.
Nada tenho contra o uso de qualquer recurso audiovisual, muito pelo contrário, acho que todas as ferramentas são úteis. Eu próprio, mesmo sendo amador e buscando na dança apenas prazer e diversão, coleciono DVDs de aulas e shows, além de ocasionalmente freqüentar o YouTube. O que condeno é o dançarino, profissional ou amador, se limitar a isso. YouTube e DVDs são apenas fragmentos auxiliares na complexidade que é aprender a dançar, caso se queira fazer isso com a melhor qualidade possível. Se a proposta for outra, dançar de qualquer jeito, nem perca tempo lendo essas considerações. Basta ir ao baile e fazer o que der na telha. O único problema será arranjar parceira, ou parceiro. Na maior parte dos casos, é na soma dos pequenos e quase imperceptíveis detalhes que se esconde o refinamento técnico. Isso só aprende nas mãos dos melhores professores e também empiricamente, à medida em que se evolui na dança e seu corpo e sua mente passam a assimilar determinadas sutilezas. Não será no YouTube, portanto, nem mesmo num DVD didático de boa qualidade, que estarão os verdadeiros segredos de uma dança bonita e exuberante, com equilíbrio, eixo, conexão e demais características fundamentais e indispensáveis. Ver é uma coisa, saber como fazer é outra, totalmente distante e diferente. Se não fosse assim, todo mundo seria bailarino depois de ter visto num palco ou na tela um Rodolf Nureyev ou um Mikhail Baryshnikov. Quem dera...
Supor que é possível aprender a dançar pelo YouTube é um delírio. Se para amadores essa idéia é inconcebível, no caso de profissionais supera o absurdo. Combatê-la, enquanto é tempo, é missão deste jornal e de todas as academias, festivais e professores que se propõem a um trabalho sério com dança.
Em qualquer coreografia, ou mesmo numa caminhada supostamente simples, existe aquilo que em aula chamamos de "pulo do gato": o detalhe que faz a diferença, que torna o movimento viável e gracioso. Isso, caros amigos, não há YouTube da vida que ensine. Quem trocar aulas, workshops e congressos de dança, reais e ao vivo, pela telinha do computador, conseguirá no máximo fazer uma caricatura da verdadeira arte de dançar, que é repleta de saborosos e indispensáveis micro segredos.

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